domingo, 28 de fevereiro de 2010

Eu quero mais é beijar na boca





De certa forma é bom ouvir isso, é bom saber disso.

Nos últimos tempos os profissionais de diversas áreas preocupadas com o comportamento dos jovens nos dias de hoje têm observado o quanto devemos mudar o discurso nas formas de abordá-los para falar das prevenções, os cuidados e os limites necessários para uma vida sadia e refletida na responsabilidade, na elaboração de um plano, no direito do tentar e na necessidade de explorar o prazer.

O comportamento de nossos jovens reflete o andamento do que temos passado em nossa sociedade e a forma como temos conduzido nossos padrões culturais de vida, em especial os de relacionamentos. Estamos perdidos no consumo do dia a dia, nas carências e na necessidade de preencher as lacunas de certos "algos" que nem mesmo nós sabemos quais são. Nós nos colocamos diante das lutas de forma passiva e nos entregamos de maneira que possamos estar condizentes com a concorrência estabelecida no mercado. Fugindo de estabelecer limites ou de conhecê-los.

Nossos jovens já têm dado inúmeros sinais de necessidade evidente de aprender a "namorar"’, mas continuam a falar mais da conquista que eles tiveram do ficar, da contagem de beijos por festa e se colocando longe de iniciar um aprendizado de limites já que são filhos de uma geração que se perdeu diante dessa possibilidade. Eles demonstram querer saber mais de si mesmos e suas potencialidades, associadas à necessidade de serem respeitados e reconhecidos. Necessitam de condições para estabelecer limites e de oportunidades para alcançar o tão sonhado futuro, tanto afetivo como nas relações sociais, que lhes é vendido desde pequeninos.

As inúmeras faltas que são muitas vezes compensadas por cinco minutos de um afeto desprotegidos de preservativo(s), sujeitando-se a consequências envolvidas de ilusões que muitas vezes resultarão nas mais diversas dependências.

Beijar na boca se quer mais... Ou querer mais do que somente beijar na boca. Dar um basta na banalização dos gestos de afeto mal compreendidos e mal trocados. Quando assim proclamamos, demonstramos a necessidade de entrega e uma entrega incondicional, apesar de não estarmos o tempo todo condicionando nossa entrega.

Saudade de um amor romântico utópico que já se vai embora há quase dois séculos, mas que ainda nos é apresentado. Tudo leva a crer que os jovens estão nos pedindo para ensiná-los a namorar. Vamos propor a eles que este aprendizado seja feito juntos?


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Educação Sexual na Escola

 

Polêmica armada na Inglaterra em torno da questão da educação sexual nas escolas para crianças de sete anos de idade fez alguns jornalistas e educadores questionarem a necessidade, a veracidade e o preparo da sociedade para tanto também aqui no Brasil.

Interessante notar é que a preocupação maior são os adultos, acometidos de intensa formação social, histórica e repressora em função de diversos motivos, entre eles os culturais e religiosos, o que mostra claramente que a malícia, o despreparo (desconhecimento?) e os tabus sexuais estão ainda muito enraizados na visão de sexualidade de uma sociedade. Pois, tanto lá como aqui, muito se preza, se pensa, se interdita e se consagra, em termos de comportamento sexual, como ‘verdades’ fatos que ainda estamos por vencer e que, pelo que se observa no dia a dia, gritam que essa atitude é urgente.


Mais interessante ainda é que, em nome do exercício da sexualidade e todos os seus adereços, nos esqueçamos que é mister que o questionemos, para assim dialogarmos com os exercícios da afetividade que também temos problemas para exercer. Em vista das perdas e dos achados necessários, acredito piamente que a Educação Sexual nas escolas não se deve iniciar aos sete anos de idade, mas aos dois anos.


Iniciamos demonstrar afeto para os nossos filhos desde quando ainda estão no útero materno e já nos preocupamos como será o seu amanhã. Manipulamos seus corpos desde tenra idade, dando-lhes de mamar, efetuando sua higiene e nas demonstrações de carinho e atenção. A criança desde muito cedo observa o comportamento dos mais velhos e procurará conduzir seus modos de agir em espelho, recebendo afeto e compreensão por seus instintos, desejos e necessidades de atenção, ela responderá com afeto e compreensão. Recebendo desrespeito e desatenção, devolverá o mesmo.


Conhecendo o corpo e os corpos, conhecendo a relação com o outro e a relação para com seu próprio corpo físico e psíquico, conhecendo as potencialidades da relação com o outro para a elaboração do conjunto e do respeito, faremos nossas crianças e jovens construírem não somente ganhos cognitivos, através da ‘não pressão’, como ganhos afetivos e sexuais em toda forma de relacionamento, amenizando a agressividade de que muito se reclama.


Precisamos pensar ,imediatamente, como poderemos auxiliar na formação dos gêneros e em seus funcionamentos daqui para frente, independente de como cada um deseja vivenciá-lo. Portanto,a questão não é a idade a ser iniciada a educação sexual, mas a forma como será abordada, como será o preparo dos educadores que participarão desta construção e, para além disso, a necessidade de trazer os pais para coparticiparem desta intervenção ou simplesmente formação e informação.


Educação Afetivo-Sexual já!


"Não há experiência de corpo que não seja também experiência de alma, o contrário sendo também verdadeiro". (Gilberto Freire)


 
Veja o vídeo com a reportagem sobre o assunto feita pelo Fantástico, Globo:

Escolas britânicas são obrigadas a dar aulas de educação sexual a partir dos 7 anos