quinta-feira, 25 de março de 2010

Sexo, quantas vezes é bom?



É muito comum encontrarmos notícias e reportagens questionando a quantidade de vezes que o brasileiro faz sexo, e geralmente fazendo comparação com outras culturas ao redor do mundo sexualmente ativo e correto.

Fora dizer que os botequins são em geral alvo dos melhores redutos para atualização deste assunto ou palco de lamentável epopéia de desejos, vontades, intenções e principalmente curiosidade e especulação.

O quantum de realidade versus equívocos ainda é lamentável, mas ainda possuímos a imaginação de que fazendo sexo sempre (vulgo – todo dia), vamos estar atualizados e de acordo com o que se almeja que um ser humano adulto efetue. Ao longo da vida priorizamos diversas formas de manifestar esse desejo sexual e a quantidade e a qualidade dele.

Da mesma forma que, quando observamos a criança em seu desenvolvimento descobrindo o mundo, sua sexualidade e suas prioridades, o adulto também transformará a construção de sua identidade sexual ativa e  seus anseios de sucesso, seja na vida profissional ou afetiva de acordo com a assimilação destes ‘conhecimentos’ e maturidade.

Já não é sem tempo que falar de sexo e vida sexual deva ser encarado de forma mais madura, saudável e natural, seja nos botequins, salas de aula, nos púlpitos das instituições religiosas, nos discursos políticos ou mesmo no espaço-ambiente onde se o pratica. Um bom desempenho na vida sexual é um monólogo travado entre duas pessoas e duas vezes. Explico. Na primeira forma é o monólogo que a pessoa deve travar com ela mesma, observando o próprio corpo, suas necessidades e satisfações, aprendendo fazer sexo consigo mesma, mantendo um diálogo com as várias formas que esse corpo tem de expressar sua sexualidade, sua libido. Conhecer o que a satisfaz, o que deseja explorar e o que apresentará ao parceiro(a) escolhido(a). A segunda forma de monólogo é justamente com este parceiro. Parodiando Shakespeare em Otelo, quando fala do ‘animal de duas costas’ numa alusão de uma só pessoa no momento do ato sexual, é justamente este monólogo de que falo, propondo que o casal efetue um diálogo sobre esta ‘química’ sexual que traz implicações no bom desempenho do casal, provocando satisfações e novos desejos.

No decorrer de um relacionamento há vários momentos sexuais e várias formas de manifestá-lo, desde o momento da descoberta até a sua maturidade através do convívio diário. Hoje existe uma porção de recursos, tanto terapêuticos quanto artificiais e profiláticos que auxiliam no diálogo sexual e em sua constância, a busca por novos recursos que alimentem o desejo e o desempenho. Vários são os fatores que interferem nessa constância de relações sexuais semanais, passando pelos conflitos de gênero, econômico e outras demandas que interferem no desejo. É preciso compreender que até mesmo a quantidade e a intensidade das relações devem ser discutidas entre os interessados, em condições que satisfaçam a ambos e, caso houver algo que esteja atrapalhando o relacionamento, deve-se ter o consenso e a maturidade de procurar ajuda para solucionar, assumindo as dificuldades, as falhas, ganhando a possibilidade de melhorar, modificar e até mesmo ampliar o desempenho, provocando a satisfação própria e também do parceiro(a).

Não se deve esquecer o velho jargão “não é a quantidade que conta, mas a qualidade”. Escutamos sempre isso, mas proponho aqui que devamos questionar, sim, as duas formas, a quantidade e a qualidade, para que uma possa interferir na outra, e observar qual delas está necessitando de revisão, e ter a coragem de procurar ajuda, para desmistificar conceitos e entender que o sexo está presente em todos os nossos atos, seja ele qual for, e que da mesma forma que devo produzir bem em meu trabalho e busco constantemente a melhoria disso, devo também procurar melhorar o desempenho sexual, melhorando a qualidade de vida. Que a qualidade pergunte, então, para a quantidade o que ela deseja..., ou quem ela deseja!


segunda-feira, 8 de março de 2010

O Pênis




E pensar que houve tempo em que ele não estava com essa bola toda...


Podemos dizer que há vários mitos relacionados ao pênis e o que vamos comentar aqui é aquele que é motivo de inveja e cobiça ao longo da história nos últimos nove mil anos e que ainda causa furor e que se sabe lá por quanto tempo vai perdurar.

A partir do momento que o homem viu a contribuição que ele tem na concepção e que,com base nos conhecimentos até meados do século XIX, passou a ser o ‘responsável’ pela continuidade da espécie no planeta, impõe-se sobre a sociedade uma lei, uma ordem ou um ‘mito’, o da prevalência deste pênis em detrimento do renegado útero.

Isso fez com que muitos aspectos da vida do ser humano voltassem a preferência e os privilégios àqueles que portassem este membro. Ao redor do planeta, em distintas culturas, temos a representação desta importância de várias formas, caracterizando-se na fala, nas artes e na lei essa prevalência.

Possuir pênis é ter braços fortes para o trabalho e facilidade para se ganhar dinheiro; isso significa ter preferências em muitas situações, fato que faz com que, em algumas culturas, até os dias de hoje a filha seja desprezada, ou renegada, abortada até que o casal possa conceber e ter um varão.

Possuir pênis é a possibilidade de ganhar dinheiro; ganhando dinheiro, ganha-se autoridade, conquista-se territórios e bens, enfim, ter pênis é sinônimo de PODER.

Existe o pensamento de que quanto maior o pênis (poder) maior é o benefício que ele proporciona. Pênis grande, satisfação garantida, caso contrário é digno de denúncia no PROCON pela propaganda enganosa! Isto porque é óbvio que boa parte dos homens é inconformada com o tamanho de seu próprio membro, mas claro que a imagem que ele passa é a de que ele é maior do que a propaganda, há até enchimentos de cuecas para vender-se a imagem de uma boa mala, garantindo uma boa viagem. Esta cobrança vem desse famoso mito que foi criado e é alimentado tanto pelos portadores como pelas mulheres que se rivalizam nessa disputa, oferecendo um bom útero acolhedor.

Somos uma nação constituída de vários povos e cada um com suas características e, como tal, com pênis de vários tamanhos, envergaduras, elasticidades, cores, cheiros, texturas, com prepúcio e sem prepúcio, enfim aspectos diferentes. Dependendo da constituição de um povo ou seu histórico genético, o tamanho do membro variará de acordo com a profundidade do canal vaginal. Portanto, se uma mulher que, por genética, possui uma vagina mais profunda, os homens de sua raça terão membros proporcionais a esta profundidade; assim como em povos cujas mulheres possuem uma profundidade mais rasa em suas vaginas, os homens desta raça possuirão membros de acordo, portanto menores e/ ou mais finos. Por essas e outras, entre nós, brasileiros, existe tanta especulação a este respeito, pois "o vizinho sempre 'tem' o pênis maior ou melhor que o meu...".

Não nos esqueçamos de que não é o tamanho que fará a diferença, mas o desempenho do portador desse pênis. Homens e mulheres deveriam se preocupar mais com a forma de fazer com que o pênis possa se tornar fonte de prazer e obterem a tão buscada satisfação garantida. A sexualidade do indivíduo não está em uma ou outra parte do corpo, mas em todo o seu conjunto, que pode proporcionar essa satisfação.

Quando soubermos olhar para o exercício da nossa sexualidade buscando todas as possibilidades existentes de prazer no corpo como um todo, estimulando-o e dando-lhe tempo, com toda certeza ele responderá de modo satisfatório para si e para o parceiro sexual.

Afinal de que Pênis falamos, ou sobre que Poder discutimos? Pois todo pênis pode, e todo poder possui seu preço fálico.



quarta-feira, 3 de março de 2010

Masturbação




Não vamos aqui discorrer da naturalidade dela, mas comentar sobre os estímulos que nos levam a procurar este meio de satisfação sexual.

Vamos ver primeiro as definições que temos a respeito. No Aurélio encontraremos que masturbação é "Ato de masturbar (-se) – provocar o orgasmo em, pela fricção da mão; vício solitário, autoerotismo”, no Wikipedia diz que é o “ato da estimulação dos órgãos genitais com o objetivo de obter prazer sexual” e no dicionário de psicanálise do Laplanche e Pontalis veremos que para  Freud  “é a satisfação autoerótica das pulsões parciais; apaziguamento no próprio lugar em que se produz”.

Estímulos, satisfações, sensações de paz, calmaria, prazer.
Desde pequeninos somos embalados pela dualidade necessidades x prazeres. E são vários, desde o sugar o peito da mãe ou a mamadeira, o contato das mãos do cuidador que embala, acaricia, elimina o que incomoda (urina, fezes, vomito, dor – choro), efetua a higiene e olha. Sim, olhar, sim!

Necessitamos também  ser observados para que possamos desta forma nos constituir e nos reconhecer.
Muito bem, começa aí a delícia da masturbação. A partir do momento que podemos nos observar, reconhecer nosso corpo, perceber, reconhecer, suprir as necessidades, teremos condições de dar para ele meios para que se satisfaça e se alimente. Estamos cansados de ver  quanto necessitamos nos reconhecer, valorizar para seguir em frente e partir para a luta.

Muitas vezes nos abandonamos como reflexo da depressão e o descaso, apesar de que o próprio corpo constantemente nos sinaliza do que necessita. As dores, as indisposições e os excessos (seja ele para que lado for) marcam o caminho que devemos seguir para vencermos as barreiras que enfrentamos no quotidiano. Devemos dar a este corpo formas diversas para ele encontrar prazer, o que muitas vezes não sabemos e, no entanto, devemos tentar.
Quantos meios temos para dar estímulo ao corpo? Quanto escutamos pessoas confessarem que a partir do momento que começam a fazer algum tipo de exercício físico ou mesmo meditação, novas leituras a partir de si mesmos se obtêm?

Então...
Os mitos e tabus que cercam a masturbação, hoje temos ciência dos seus significados e quanto contribuíram para chegarmos até aqui, portanto temos condições de fazer uma outra leitura tanto da história, quanto da evolução humana x social, e a caracterização daquilo que podemos usufruir dos bens que o cuidado com a saúde e o corpo poderão nos trazer. A masturbação é uma delas, devemos comentar mais vezes, de mais esta forma de prazer, desmistificando o investimento intenso que acabamos por fazer da masturbação no contato com os órgaos sexuais em contraste ao restante do corpo. Afinal posso muito bem masturbar as demais partes de meu corpo e também obter prazer, pois afinal masturbação é sinônimo de estímulo.

Portanto devemos conversar mais com nossas crianças, jovens e adultos a respeito, explanar sobre os estímulos da vida, orientar para a busca dos prazeres, e ver na masturbação mais um dos prazeres que nos estimula para vencer.
Vencer o quê? Os preconceitos, as ignorâncias e as distorções.

Somos cuidados e logo depois ensinados a cuidar de nosso corpo, as maquiagens femininas que o digam, os estímulos esportivos masculinos e com o tempo acabamos perdendo tudo isso, ficando somente o "cumprir o dever" de pagar as contas até o final do mês. Assim devemos retomar os estímulos e começar a nos masturbar (procurar prazer próprio e apropriado). Devemos incentivar mais a leitura de nossos corpos e ouvir as necessidades dele, tanto quanto perguntar ao corpo para onde ele quer ser orientado. Friccionar os órgaos genitais também é bom e saudável, descobrimos até mesmo que ele evita diversas doenças neste mesmo corpo. Vamos conversar mais sobre a masturbação e ampliar as possibilidades de quem já sabe que com este estímulo organizamos os demais em nossa vida.