segunda-feira, 12 de abril de 2010

Eu não tenho vontade!





E isso acontece muitas vezes. Muitas vezes e pode ser manifestada de diversas formas. Não ter vontade, não ter desejo, não ter sensibilidade, simplesmente não ter.

E que tal antes de falarmos de termos algo, discutirmos um pouco sobre SER desejo, ser vontade, ser sensível, simplesmente SER?

Quando um indivíduo ou um casal procura um terapeuta e comenta a falta de desejo, averiguamos o quanto na realidade esta pessoa ou casal passa por momentos de dificuldade em sentir-se, ou ser em um universo repleto de inúmeros conjuntos e complexos de possuir. Há necessidade de antes de buscarmos uma sexualidade plena para agradarmo-nos ou agradar o parceiro(a), elaborar o sentido do ser, pois é ele que está em falta ou doente.

Egos fragilizados e inconsistentes têm a dificuldade do sentir. Egos que necessitam apoderar-se do seu real valor buscando um conceito do que realmente vem trazer satisfação plena. Não falamos aqui somente do exercício da sexualidade, mas do exercício de SER humano, ser profissional, ser companheiro(a), simplesmente SER.

Resgatar o autoconhecimento é encontrar todos os limites possíveis e operantes existentes em cada um de nós. Valorizando e encontrando possibilidades, potencialidades que até então não se permitia vivenciar, quanto mais então SER. Muitas vezes bloqueamos a sexualidade com conceitos errôneos do exercício deste sexo, que é revestido de falsos moralismos, de tabus com origens perdidas ao longo do tempo. Buscar especialistas que possam esclarecer a função dos sentidos fará com que seja possível delimitar o que é de bom senso e o que é equivocado dentro das infinitas manifestações de desejo existentes e que não agridam o ego, possibilitando uma vivência sexual plena.

Às vezes algumas pessoas passam a vida distante das respostas sexuais de seu corpo, principalmente as mulheres, devido a todo um contexto de repressão que anula ou dificulta o contato com o próprio corpo e o corpo do outro. Isso pode se manifestar em um relacionamento pela falta de sincronia com a pessoa com que se está envolvida ou mesmo num momento dentro de uma relação afetiva que passa por caminhos que influenciam o chamado bom desempenho ou a manifestação e a correspondência do afeto.

Algumas pesquisas revelam como anda em baixa o desejo nas das relações sexuais, influenciando muitas vezes na quantidade de relações, fazendo com que questionemos o que supostamente acontece com a acomodação das relações afetivas. Caímos na questão do consumo, do consumismo. O consumo de sapatos, o consumo de chocolate, o consumo de supérfluos, o com – sumo do afeto, a consumação do desgaste simplesmente porque lutamos pelo TER.

A mulher não quer servir, ser subserviente. A mulher quer ser acolhida sexualmente e respeitada em suas peculiaridades, e, se ela sente que não é correspondida nas suas necessidades, o desejo aos poucos se vai afrouxando. Possui fantasias, fetiches, mas a inibição e os medos a reprimem, transferindo seu desejo para outros lugares e então se deprime, anulando-se. Ela quer ser estimulada, mas às vezes o parceiro é mecânico e inexperiente (e mesmo o contrário acontece), fazendo que não haja estímulos que despertem o desejo. Mulheres, homens também necessitam ser reconhecidos em suas performances, pois assim o homem foi educado ao longo dos séculos, e, quando a performance não está sendo satisfatória, o assunto deve ser discutido e juntos adequarem os interesses de ambos.

Portanto a busca de uma sexualidade plena e satisfatória deve ser uma constante, sem se espelhar na mesa ao lado do boteco ou na porta da vizinha do lado, mas na fidelidade ao próprio desejo, sabendo ponderar quando seu corpo ou sua mente grita apontando problemas ou a necessidade de dar vazão às fantasias, quando a vida permitir que elas sejam realizadas. Não existe o certo e o errado, mas sempre existirá o duvidoso que margeará a busca do constante ser desejo para poder ter e dar prazer.


quinta-feira, 25 de março de 2010

Sexo, quantas vezes é bom?



É muito comum encontrarmos notícias e reportagens questionando a quantidade de vezes que o brasileiro faz sexo, e geralmente fazendo comparação com outras culturas ao redor do mundo sexualmente ativo e correto.

Fora dizer que os botequins são em geral alvo dos melhores redutos para atualização deste assunto ou palco de lamentável epopéia de desejos, vontades, intenções e principalmente curiosidade e especulação.

O quantum de realidade versus equívocos ainda é lamentável, mas ainda possuímos a imaginação de que fazendo sexo sempre (vulgo – todo dia), vamos estar atualizados e de acordo com o que se almeja que um ser humano adulto efetue. Ao longo da vida priorizamos diversas formas de manifestar esse desejo sexual e a quantidade e a qualidade dele.

Da mesma forma que, quando observamos a criança em seu desenvolvimento descobrindo o mundo, sua sexualidade e suas prioridades, o adulto também transformará a construção de sua identidade sexual ativa e  seus anseios de sucesso, seja na vida profissional ou afetiva de acordo com a assimilação destes ‘conhecimentos’ e maturidade.

Já não é sem tempo que falar de sexo e vida sexual deva ser encarado de forma mais madura, saudável e natural, seja nos botequins, salas de aula, nos púlpitos das instituições religiosas, nos discursos políticos ou mesmo no espaço-ambiente onde se o pratica. Um bom desempenho na vida sexual é um monólogo travado entre duas pessoas e duas vezes. Explico. Na primeira forma é o monólogo que a pessoa deve travar com ela mesma, observando o próprio corpo, suas necessidades e satisfações, aprendendo fazer sexo consigo mesma, mantendo um diálogo com as várias formas que esse corpo tem de expressar sua sexualidade, sua libido. Conhecer o que a satisfaz, o que deseja explorar e o que apresentará ao parceiro(a) escolhido(a). A segunda forma de monólogo é justamente com este parceiro. Parodiando Shakespeare em Otelo, quando fala do ‘animal de duas costas’ numa alusão de uma só pessoa no momento do ato sexual, é justamente este monólogo de que falo, propondo que o casal efetue um diálogo sobre esta ‘química’ sexual que traz implicações no bom desempenho do casal, provocando satisfações e novos desejos.

No decorrer de um relacionamento há vários momentos sexuais e várias formas de manifestá-lo, desde o momento da descoberta até a sua maturidade através do convívio diário. Hoje existe uma porção de recursos, tanto terapêuticos quanto artificiais e profiláticos que auxiliam no diálogo sexual e em sua constância, a busca por novos recursos que alimentem o desejo e o desempenho. Vários são os fatores que interferem nessa constância de relações sexuais semanais, passando pelos conflitos de gênero, econômico e outras demandas que interferem no desejo. É preciso compreender que até mesmo a quantidade e a intensidade das relações devem ser discutidas entre os interessados, em condições que satisfaçam a ambos e, caso houver algo que esteja atrapalhando o relacionamento, deve-se ter o consenso e a maturidade de procurar ajuda para solucionar, assumindo as dificuldades, as falhas, ganhando a possibilidade de melhorar, modificar e até mesmo ampliar o desempenho, provocando a satisfação própria e também do parceiro(a).

Não se deve esquecer o velho jargão “não é a quantidade que conta, mas a qualidade”. Escutamos sempre isso, mas proponho aqui que devamos questionar, sim, as duas formas, a quantidade e a qualidade, para que uma possa interferir na outra, e observar qual delas está necessitando de revisão, e ter a coragem de procurar ajuda, para desmistificar conceitos e entender que o sexo está presente em todos os nossos atos, seja ele qual for, e que da mesma forma que devo produzir bem em meu trabalho e busco constantemente a melhoria disso, devo também procurar melhorar o desempenho sexual, melhorando a qualidade de vida. Que a qualidade pergunte, então, para a quantidade o que ela deseja..., ou quem ela deseja!


segunda-feira, 8 de março de 2010

O Pênis




E pensar que houve tempo em que ele não estava com essa bola toda...


Podemos dizer que há vários mitos relacionados ao pênis e o que vamos comentar aqui é aquele que é motivo de inveja e cobiça ao longo da história nos últimos nove mil anos e que ainda causa furor e que se sabe lá por quanto tempo vai perdurar.

A partir do momento que o homem viu a contribuição que ele tem na concepção e que,com base nos conhecimentos até meados do século XIX, passou a ser o ‘responsável’ pela continuidade da espécie no planeta, impõe-se sobre a sociedade uma lei, uma ordem ou um ‘mito’, o da prevalência deste pênis em detrimento do renegado útero.

Isso fez com que muitos aspectos da vida do ser humano voltassem a preferência e os privilégios àqueles que portassem este membro. Ao redor do planeta, em distintas culturas, temos a representação desta importância de várias formas, caracterizando-se na fala, nas artes e na lei essa prevalência.

Possuir pênis é ter braços fortes para o trabalho e facilidade para se ganhar dinheiro; isso significa ter preferências em muitas situações, fato que faz com que, em algumas culturas, até os dias de hoje a filha seja desprezada, ou renegada, abortada até que o casal possa conceber e ter um varão.

Possuir pênis é a possibilidade de ganhar dinheiro; ganhando dinheiro, ganha-se autoridade, conquista-se territórios e bens, enfim, ter pênis é sinônimo de PODER.

Existe o pensamento de que quanto maior o pênis (poder) maior é o benefício que ele proporciona. Pênis grande, satisfação garantida, caso contrário é digno de denúncia no PROCON pela propaganda enganosa! Isto porque é óbvio que boa parte dos homens é inconformada com o tamanho de seu próprio membro, mas claro que a imagem que ele passa é a de que ele é maior do que a propaganda, há até enchimentos de cuecas para vender-se a imagem de uma boa mala, garantindo uma boa viagem. Esta cobrança vem desse famoso mito que foi criado e é alimentado tanto pelos portadores como pelas mulheres que se rivalizam nessa disputa, oferecendo um bom útero acolhedor.

Somos uma nação constituída de vários povos e cada um com suas características e, como tal, com pênis de vários tamanhos, envergaduras, elasticidades, cores, cheiros, texturas, com prepúcio e sem prepúcio, enfim aspectos diferentes. Dependendo da constituição de um povo ou seu histórico genético, o tamanho do membro variará de acordo com a profundidade do canal vaginal. Portanto, se uma mulher que, por genética, possui uma vagina mais profunda, os homens de sua raça terão membros proporcionais a esta profundidade; assim como em povos cujas mulheres possuem uma profundidade mais rasa em suas vaginas, os homens desta raça possuirão membros de acordo, portanto menores e/ ou mais finos. Por essas e outras, entre nós, brasileiros, existe tanta especulação a este respeito, pois "o vizinho sempre 'tem' o pênis maior ou melhor que o meu...".

Não nos esqueçamos de que não é o tamanho que fará a diferença, mas o desempenho do portador desse pênis. Homens e mulheres deveriam se preocupar mais com a forma de fazer com que o pênis possa se tornar fonte de prazer e obterem a tão buscada satisfação garantida. A sexualidade do indivíduo não está em uma ou outra parte do corpo, mas em todo o seu conjunto, que pode proporcionar essa satisfação.

Quando soubermos olhar para o exercício da nossa sexualidade buscando todas as possibilidades existentes de prazer no corpo como um todo, estimulando-o e dando-lhe tempo, com toda certeza ele responderá de modo satisfatório para si e para o parceiro sexual.

Afinal de que Pênis falamos, ou sobre que Poder discutimos? Pois todo pênis pode, e todo poder possui seu preço fálico.



quarta-feira, 3 de março de 2010

Masturbação




Não vamos aqui discorrer da naturalidade dela, mas comentar sobre os estímulos que nos levam a procurar este meio de satisfação sexual.

Vamos ver primeiro as definições que temos a respeito. No Aurélio encontraremos que masturbação é "Ato de masturbar (-se) – provocar o orgasmo em, pela fricção da mão; vício solitário, autoerotismo”, no Wikipedia diz que é o “ato da estimulação dos órgãos genitais com o objetivo de obter prazer sexual” e no dicionário de psicanálise do Laplanche e Pontalis veremos que para  Freud  “é a satisfação autoerótica das pulsões parciais; apaziguamento no próprio lugar em que se produz”.

Estímulos, satisfações, sensações de paz, calmaria, prazer.
Desde pequeninos somos embalados pela dualidade necessidades x prazeres. E são vários, desde o sugar o peito da mãe ou a mamadeira, o contato das mãos do cuidador que embala, acaricia, elimina o que incomoda (urina, fezes, vomito, dor – choro), efetua a higiene e olha. Sim, olhar, sim!

Necessitamos também  ser observados para que possamos desta forma nos constituir e nos reconhecer.
Muito bem, começa aí a delícia da masturbação. A partir do momento que podemos nos observar, reconhecer nosso corpo, perceber, reconhecer, suprir as necessidades, teremos condições de dar para ele meios para que se satisfaça e se alimente. Estamos cansados de ver  quanto necessitamos nos reconhecer, valorizar para seguir em frente e partir para a luta.

Muitas vezes nos abandonamos como reflexo da depressão e o descaso, apesar de que o próprio corpo constantemente nos sinaliza do que necessita. As dores, as indisposições e os excessos (seja ele para que lado for) marcam o caminho que devemos seguir para vencermos as barreiras que enfrentamos no quotidiano. Devemos dar a este corpo formas diversas para ele encontrar prazer, o que muitas vezes não sabemos e, no entanto, devemos tentar.
Quantos meios temos para dar estímulo ao corpo? Quanto escutamos pessoas confessarem que a partir do momento que começam a fazer algum tipo de exercício físico ou mesmo meditação, novas leituras a partir de si mesmos se obtêm?

Então...
Os mitos e tabus que cercam a masturbação, hoje temos ciência dos seus significados e quanto contribuíram para chegarmos até aqui, portanto temos condições de fazer uma outra leitura tanto da história, quanto da evolução humana x social, e a caracterização daquilo que podemos usufruir dos bens que o cuidado com a saúde e o corpo poderão nos trazer. A masturbação é uma delas, devemos comentar mais vezes, de mais esta forma de prazer, desmistificando o investimento intenso que acabamos por fazer da masturbação no contato com os órgaos sexuais em contraste ao restante do corpo. Afinal posso muito bem masturbar as demais partes de meu corpo e também obter prazer, pois afinal masturbação é sinônimo de estímulo.

Portanto devemos conversar mais com nossas crianças, jovens e adultos a respeito, explanar sobre os estímulos da vida, orientar para a busca dos prazeres, e ver na masturbação mais um dos prazeres que nos estimula para vencer.
Vencer o quê? Os preconceitos, as ignorâncias e as distorções.

Somos cuidados e logo depois ensinados a cuidar de nosso corpo, as maquiagens femininas que o digam, os estímulos esportivos masculinos e com o tempo acabamos perdendo tudo isso, ficando somente o "cumprir o dever" de pagar as contas até o final do mês. Assim devemos retomar os estímulos e começar a nos masturbar (procurar prazer próprio e apropriado). Devemos incentivar mais a leitura de nossos corpos e ouvir as necessidades dele, tanto quanto perguntar ao corpo para onde ele quer ser orientado. Friccionar os órgaos genitais também é bom e saudável, descobrimos até mesmo que ele evita diversas doenças neste mesmo corpo. Vamos conversar mais sobre a masturbação e ampliar as possibilidades de quem já sabe que com este estímulo organizamos os demais em nossa vida.


domingo, 28 de fevereiro de 2010

Eu quero mais é beijar na boca





De certa forma é bom ouvir isso, é bom saber disso.

Nos últimos tempos os profissionais de diversas áreas preocupadas com o comportamento dos jovens nos dias de hoje têm observado o quanto devemos mudar o discurso nas formas de abordá-los para falar das prevenções, os cuidados e os limites necessários para uma vida sadia e refletida na responsabilidade, na elaboração de um plano, no direito do tentar e na necessidade de explorar o prazer.

O comportamento de nossos jovens reflete o andamento do que temos passado em nossa sociedade e a forma como temos conduzido nossos padrões culturais de vida, em especial os de relacionamentos. Estamos perdidos no consumo do dia a dia, nas carências e na necessidade de preencher as lacunas de certos "algos" que nem mesmo nós sabemos quais são. Nós nos colocamos diante das lutas de forma passiva e nos entregamos de maneira que possamos estar condizentes com a concorrência estabelecida no mercado. Fugindo de estabelecer limites ou de conhecê-los.

Nossos jovens já têm dado inúmeros sinais de necessidade evidente de aprender a "namorar"’, mas continuam a falar mais da conquista que eles tiveram do ficar, da contagem de beijos por festa e se colocando longe de iniciar um aprendizado de limites já que são filhos de uma geração que se perdeu diante dessa possibilidade. Eles demonstram querer saber mais de si mesmos e suas potencialidades, associadas à necessidade de serem respeitados e reconhecidos. Necessitam de condições para estabelecer limites e de oportunidades para alcançar o tão sonhado futuro, tanto afetivo como nas relações sociais, que lhes é vendido desde pequeninos.

As inúmeras faltas que são muitas vezes compensadas por cinco minutos de um afeto desprotegidos de preservativo(s), sujeitando-se a consequências envolvidas de ilusões que muitas vezes resultarão nas mais diversas dependências.

Beijar na boca se quer mais... Ou querer mais do que somente beijar na boca. Dar um basta na banalização dos gestos de afeto mal compreendidos e mal trocados. Quando assim proclamamos, demonstramos a necessidade de entrega e uma entrega incondicional, apesar de não estarmos o tempo todo condicionando nossa entrega.

Saudade de um amor romântico utópico que já se vai embora há quase dois séculos, mas que ainda nos é apresentado. Tudo leva a crer que os jovens estão nos pedindo para ensiná-los a namorar. Vamos propor a eles que este aprendizado seja feito juntos?


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Educação Sexual na Escola

 

Polêmica armada na Inglaterra em torno da questão da educação sexual nas escolas para crianças de sete anos de idade fez alguns jornalistas e educadores questionarem a necessidade, a veracidade e o preparo da sociedade para tanto também aqui no Brasil.

Interessante notar é que a preocupação maior são os adultos, acometidos de intensa formação social, histórica e repressora em função de diversos motivos, entre eles os culturais e religiosos, o que mostra claramente que a malícia, o despreparo (desconhecimento?) e os tabus sexuais estão ainda muito enraizados na visão de sexualidade de uma sociedade. Pois, tanto lá como aqui, muito se preza, se pensa, se interdita e se consagra, em termos de comportamento sexual, como ‘verdades’ fatos que ainda estamos por vencer e que, pelo que se observa no dia a dia, gritam que essa atitude é urgente.


Mais interessante ainda é que, em nome do exercício da sexualidade e todos os seus adereços, nos esqueçamos que é mister que o questionemos, para assim dialogarmos com os exercícios da afetividade que também temos problemas para exercer. Em vista das perdas e dos achados necessários, acredito piamente que a Educação Sexual nas escolas não se deve iniciar aos sete anos de idade, mas aos dois anos.


Iniciamos demonstrar afeto para os nossos filhos desde quando ainda estão no útero materno e já nos preocupamos como será o seu amanhã. Manipulamos seus corpos desde tenra idade, dando-lhes de mamar, efetuando sua higiene e nas demonstrações de carinho e atenção. A criança desde muito cedo observa o comportamento dos mais velhos e procurará conduzir seus modos de agir em espelho, recebendo afeto e compreensão por seus instintos, desejos e necessidades de atenção, ela responderá com afeto e compreensão. Recebendo desrespeito e desatenção, devolverá o mesmo.


Conhecendo o corpo e os corpos, conhecendo a relação com o outro e a relação para com seu próprio corpo físico e psíquico, conhecendo as potencialidades da relação com o outro para a elaboração do conjunto e do respeito, faremos nossas crianças e jovens construírem não somente ganhos cognitivos, através da ‘não pressão’, como ganhos afetivos e sexuais em toda forma de relacionamento, amenizando a agressividade de que muito se reclama.


Precisamos pensar ,imediatamente, como poderemos auxiliar na formação dos gêneros e em seus funcionamentos daqui para frente, independente de como cada um deseja vivenciá-lo. Portanto,a questão não é a idade a ser iniciada a educação sexual, mas a forma como será abordada, como será o preparo dos educadores que participarão desta construção e, para além disso, a necessidade de trazer os pais para coparticiparem desta intervenção ou simplesmente formação e informação.


Educação Afetivo-Sexual já!


"Não há experiência de corpo que não seja também experiência de alma, o contrário sendo também verdadeiro". (Gilberto Freire)


 
Veja o vídeo com a reportagem sobre o assunto feita pelo Fantástico, Globo:

Escolas britânicas são obrigadas a dar aulas de educação sexual a partir dos 7 anos